Faz um tempo que eu entrei na pilha de fazer presentes.
A minha vida toda eu fui bem relapso com relação a essa forma de demonstrar carinho. Nunca levava presente para pessoas em ocasiões especiais. Não era meu tipo. Primeiro porque sou pão-duro (shhh). Segundo porque nunca sabia o que comprar pra alguém.
Mas daí o cara amadurece e percebe que às vezes a ocasião (somada a pessoa a ser presenteada) pede algo. Foi aí que entrei na pilha de fazer presentes. E cheguei nessa solução basicamente assim: “Ah, já que não sei o que comprar (e não quero gastar dinheiro hehe), vou fazer eu mesmo. O que eu sei fazer? O que eu tenho sobrando aqui em casa que pode virar algo legal? Como eu transformo um objeto num símbolo? Num presente propriamente dito?”. Bingo.
Essa forma de presentear resolve muita coisa. É mais barato. É um desestímulo ao consumismo. É mais sustentável. É mais original (geralmente crio coisas que nunca foram feitas por ninguém em todo o universo). É mais humano, pessoal.
O meu processo de fazer um presente geralmente acontece no dia anterior (procrastinaçãomode on), onde eu paro no centro da minha casa e começo a olhar atentamente pra tudo que tenho. Daí é só esperar vir a ideia.
Já fiz um quadro com uma página de um livro do Onde Está Wally? que tenho, dizendo pra pessoa nunca parar de procurar o que está procurando. Já peguei um boneco de Lego (sim, ainda tenho alguns aqui) e transformei ele num símbolo de virtudes para uma vida melhor (ele tinha uma capa e ela significava que todo mundo tem um super-poder e tem que usá-lo, por exemplo). Já fiz uma carta pra pessoa poder abrir somente depois de 1 ano e 8 meses da entrega. Já entreguei porta-retrato com desenho feito por mim.
E o detalhe é que sempre vai uma cartinha junto, é ela que explica a moral do presente e tal. Escrever uma carta descobri ser uma experiência que nos tira da zona de conforto. As linhas ficam tortas, tu tem que prever quando a palavra vai acabar pra separar a sílaba, tu começa com a fonte grande e do nada tem que diminuir ela, tu percebe que tua letra é ilegível para outras pessoas. Chora Microsoft Word e suas facilidades.
Meu próximo presente já está em execução e vai durar uns 4 meses pra ficar pronto. É a Garrafa da Alegria. Uma simples garrafa onde estou colocando bilhetinhos com tudo de legal que acontece comigo: uma conversa legal com uma pessoa que recém conheci, um email elogiando minha última newsletter, ter conseguido arrumar o ralo do banheiro, a Islândia ter ganho da Inglaterra na Eurocopa, coisas assim. Passei por uns dias meio deprê e anotar no papel acontecimentos legais e botar na garrafinha tem sido uma boa terapia. Me ajudou a olhar com mais força para as coisas boas que acontecem todo dia, em vez de ficar choramingando por baboseiras.
Quem receber a garrafinha vai poder ler tudo que escrevi e começar a colocar suas próprias anotações lá dentro. E assim sucessivamente. Espero que ela também passe adiante.
Por fim, fazer presentes tem sido bacana. Primeiro porque fazer coisas é irado. Não só presentes, mas coisas, qualquer coisa. Uma hortinha, um quadro, arrumar a pia, pichar algo, passar verniz. Sai do computador e bota a mão na massa. Usa tua criatividade. Hoje tudo que entra aqui em casa é um potencial presente pra alguém no futuro. Poucas coisas vão pro lixo.
Segundo, porque o gesto de dar presente ganha muito mais valor. Comprar algo pra alguém é fácil (não pra mim), mas fazer algo é foda. Tem que pensar muito na pessoa pra fazer o link do presente com ela. Tem que escrever a cartinha. Tem que se expor mais.
Moral da história? Não sei se tem. Faça mais coisas? Faça presentes? Recicle? Delete o word? Sei lá. Acho que eu queria apenas compartilhar isso porque achei essa ideia da garrafinha tri massa haha
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