A capacidade de levar as coisas pra frente
É meio que sempre assim. Basta eu enviar uma newsletter para a ideia da próxima vir a minha cabeça. De supetão. Como se existisse no meu…
É meio que sempre assim. Basta eu enviar uma newsletter para a ideia da próxima vir a minha cabeça. De supetão. Como se existisse no meu cérebro uma fila de ideias, e quando tiro uma da frente, a de trás ocupa esse espaço e passa a ser notada por mim. Ela já estava ali, mas escondida no inconsciente (ou seria subconsciente? nunca sei a diferença).
Quando essa ideia nova vem, obviamente ela é genial. “Como não tinha pensado nisso antes?”, “bah, a galera vai pirar”, “vai chover resposta na minha caixa de entrada”. Fico empolgado, escrevo o texto na minha cabeça e coloco no Wunderlist, aplicativo que uso pra organizar minha pauta pessoal: “escrever newsletter sobre X”.
Nesse momento, o fator tempo entra na jogada e estraga tudo. Como eu paro pra escrever a news nos últimos dias do mês, dá praticamente um mês entre ter a ideia e parar pra executá-la. Quando chega esse momento, eu já to achando a ideia muito muito muito ruim.
Começo a escrever o texto e ele não faz sentido, acho que é bobagem, penso que isso é óbvio, que minhas palavras não podem ajudar ninguém. Daí vem o impulso de mudar o assunto, começar outro texto do zero. “Faço outro ou mando esse mesmo? Acho que vou começar outro, tem um assunto lá que vi num dia que talvez renda algo. Não… Não sei se terei tempo pra começar outro, já é quase final do mês.”
Acabo finalizando o texto e mandando ele mesmo. Não lembro de ter trocado de assunto em cima da hora. Assim que aperto “enviar”, me sinto um lixo de pessoa, como se estivesse enganando vocês. Daí se passam algumas horas, e pipocam na minha caixa de entrada pessoas respondendo à news, dizendo que o texto ajudou elas em alguma coisa. Fico feliz.
Esse processo acontece toda vez que tenho que pensar uma palestra, projeto, roteiro ou tirinha. É batata. Sempre vou achar ruim, mas, no fim, sempre alguém gosta, e quase sempre o resultado é alcançado. E eu também mudo de percepção. Quando olho para a criação com o distanciamento do tempo, sai o gosto azedo e entra o orgulho/satisfação. “Porra, essa tirinha é muito foda!”
Eu não to falando nada novo né. Isso meio que todo mundo sabe. (Não?).
Seth Godin escreveu um livro chamado The Dip (que por sinal recomendo, é bem curtinho), sobre esse mesmo assunto. “Dip” é o ínterim (queria muito usar essa palavra hoje) entre você ter uma ideia e realizar ela. E é um momento cabuloso, obscuro e cheio de frustrações. Uma frase do livro: “ao invés de falar pras pessoas ‘nunca desista’, deveríamos falar ‘nunca desista de algo que tem muito potencial a longo prazo apenas porque você não está conseguindo lidar com o estresse do momento’”.
Austin Kleon, no livro Roube como um artista, também criou um diagrama que representa perfeitamente esse assunto. Um diagrama em forma de vale (duas montanhas separadas por uma depressão), com o início sendo “Essa é a melhor ideia que já tive”, passando pela base do gráfico, momento de maior descrença com relação a ela, pra chegar no outro lado com esse pensamento: “acabou e ficou horrível, mas não ficou tão ruim quanto eu pensava que ia ficar”.
Caio Andrade, sigam essa pessoa (acho que já falei dele em alguma news), também fez seu gráfico, mas bem mais simples. Como inovar? 1) Ter uma ideia 2) Fazer antes de começar a achar ela uma bosta. Simples né?
De novo, nada de novo.
Mas, às vezes é bom relembrar que é normal não estarmos satisfeitos com aquilo que estamos colocando no mundo. Quando estamos batalhando, inseguros, frustrados, odiando qualquer coisa que pensamos ou fazemos, lembrem-se que essa é a ordem natural do universo. Crio, logo odeio.
E tá tudo bem. Pode odiar. Só não desista. É justamente a capacidade de continuar que nos faz criar algo. De persistir, de ouvir nossa vozinha interna descascando a ideia e fazer mesmo assim. Quem escuta a voz e deixa ela no comando, não cria, não faz.
E se a gente não faz, não tem ideia. E se não tem ideia, não tem email de resposta na caixa de entrada, ou seja lá o que você está buscando :)
love you ❤
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