A vida dentro de um prédio
Esses dias tentei criar um grupo de WhatsApp aqui no prédio onde moro. Escrevi um textinho em um papel e colei ele no elevador. Três…
Esses dias tentei criar um grupo de WhatsApp aqui no prédio onde moro. Escrevi um textinho em um papel e colei ele no elevador. Três pessoas entraram pro grupo, sendo que das três, dois são um casal e moram no mesmo apartamento. Meu prédio deve ter uns 20 apartamentos, logo, foi um número pouco expressivo.
Confesso que entendo as pessoas que não quiseram entrar, mas confesso também que não entendo. Que mal vai fazer? Que grande problema um grupo de vizinhos de um prédio pode fazer?
“Ai mas vá que o grupo fique chato com notificação e política todo dia e etc”. Se o grupo fica chato, sai. Dá uma desculpa e vaza. Ou fala a verdade (sempre melhor): “pessoal, entrei nesse grupo achando que ele ia ser útil para discutirmos coisas relacionadas ao prédio, mas não está sendo, então vou me ausentar, qualquer coisa, vocês tem meu contato” ou algo do tipo.
O que as pessoas têm a perder? Mais notificações? Ver posts que não querem?
E o que elas têm a ganhar? Conhecer mais seus vizinhos? Resolver coisas de forma mais fácil? Ter um canal mais direto para ter informações, como quando falta luz ou algo estraga?
Quando tive a ideia, pensei no grupo como uma forma das pessoas do prédio terem uma forma mais fácil de se comunicar, afinal, a gente meio que divide a mesma casa, só que cada pessoa com seu “quarto”. Eu tenho uma vaga de carro mas não tenho carro, então por ali poderiam combinar de estacionar na minha vaga e me avisar, ao invés de avisar o zelador e ele vir suando falar comigo perguntando se eu vou usá-la. Através do grupo, poderíamos emprestar coisas de forma mais fácil (“alguém aí tem tal coisa?”), e esses são apenas alguns exemplos.
Uma amiga minha mora num prédio que as pessoas vão no mercado e AVISAM NO GRUPO DE WHATS SE ALGUÉM PRECISA DE ALGO, e se alguém precisa, a pessoa COMPRA PRA OUTRA PESSOA. Nossa, meu sonho de vida viver num prédio assim. Pega esse senso de comunidade.
Mandei esse texto 3 newsletters atrás e ele dá a real. Conhecer e conversar com pessoas que moram do nosso lado nos faz mais felizes.
Eu posso soar ingênuo. Talvez por ser muito idealista, talvez pela minha experiência com grupo de Whats no prédio anterior ter sido positiva. Mas eu realmente acredito que nós precisamos nos esforçar mais no que diz respeito à vida em prédios.
A nossa sociedade tá mal. Nossas cidades são organismos, e os prédios/condomínios são células que fazem esse organismo funcionar. Mas se a gente não consegue exercer o mínimo de senso comunitário num prédio com 40 pessoas, como queremos que as cidades funcionem? Confesso que não sei.
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