Links do mês #079 e o otimismo de um otimista
Geralmente eu chego no último dia do mês com a news já escrita, mas como ontem era um dia importantíssimo para o futuro da humanidade e de toda a galáxia, deixei para escrevê-la somente depois de saber o resultado das eleições.
Obviamente fiquei bêbado e não deu para escrever ontem, e com o trabalho hoje me restou essas poucas horas para ainda mandar a news dentro do prazo.
Porém, chego não só com poucas horas, mas também sem muito o que dizer. As urnas disseram tudo e nada parece ser mais importante ou relevante que isso nesse momento.
Vamos voltar a ter alguém sério na presidência, ter relações diplomáticas com outros países, acabar com a mamata dos militares no governo e viver como um país que vive no presente.
Que domingo tenso, e que bela vitória.
Lembrei do que escrevi na news pós eleições 2018. O título daquela edição era “devaneios sobre o fim desse mundo” e nela discorri sobre como a vitória do Bolsocoiso não era o final de tudo, mas um último respiro de um mundo antigo que resistia (e ainda resiste) em se atualizar.
Não sou cientista político, economista, sociólogo ou algo do tipo, mas é óbvio que os últimos 10 anos marcaram uma mudança como nenhuma outra desde meados do século passado.
Se o mundo viveu certa estabilidade na forma como as coisas se organizavam da segunda guerra até 2010-2015, desde então temos visto um outro cenário: minorias requisitando seu espaço na sociedade, um movimento ambiental muito mais forte e propositivo, um aumento gigantesco nas críticas ao capitalismo, uma quebra do padrão da forma como trabalhamos, entre mil outras coisas.
Da linguagem que utilizamos ao uso do petróleo, nada mais é como antigamente. E que coisa linda. O mundo tinha que mudar mesmo.
Mas essa troca acontece como uma cobra trocando de pele. Ela vai aos poucos, se livrando da antiga enquanto rasteja para frente. É onde estamos agora. Não nos livramos totalmente da sociedade de 50 anos atrás e talvez demore uns bons anos para estarmos somente de pele nova por aí.
Essa semana, numa conversa sobre mudanças, uma amiga me mandou um poema:
As cobras nunca regressam
aos lugares
onde deixaram a pele
Não que ideias sejam facilmente esquecidas. Tirando o Google Wave, toda outra ideia que a humanidade já teve ainda tem, pelo menos, 10 seguidores. Mas talvez o pico da resistência do mundo antigo tenha sido esses últimos 4 anos. E se o poema imita a realidade, o pior pode mesmo já ter passado.
Muito otimismo?
Espero que gostem dos links:
Comecem com essa pérola: as melhores partes de uma entrevista com Charles Eisenstein (que já falei em diversas news, mas essa aqui foi só sobre ele)
Aceitar e aceitar-se não apenas para concordar e seguir como se nada houvesse para ser trabalhado, mas para “olhar para o que é e ver o que dá para fazer”.
Não falar de dinheiro beneficia quem? Sobre a prática estúpida, ao meu ver, de transformar salário em tabu.
Para quem gosta de futebol, esse doc sobre o Maradona que tem na HBO Max é incrível. Mostra os bastidores de como o melhor jogador da época foi parar em um dos times mais pobres da primeira divisão italiana.
Tem dias que eu sou anarquista, mas em outros eu piro muito na ideia de um governo global kkkk
TEDxTalk do mês: a benção do conflito.
A relação entre publicidade e o tempo, mais uma pérola do Propaganda Não É Só Isso Aí.
Quão em paz você está com o fato de pagar impostos? Gostei dessa ideia de que estamos pagando pela civilização.
TEDxTalk do mês 2: Bia Guarezi, da newsletter Bits do Brands, falando sobre nosso tempo, telas e o valor da nossa atenção.
Valeu nordeste!
<3