Vamos falar sobre o celular?
Então. Eu venho pensando muito sobre celulares. Muito mesmo. Tenho prestado atenção em como usamos ele e muita coisa tem me incomodado. E…
Então. Eu venho pensando muito sobre celulares. Muito mesmo. Tenho prestado atenção em como usamos ele e muita coisa tem me incomodado. E acho que essa newsletter pode ser um bom lugar pra tentar agrupar esses pensamentos pela primeira vez. Logo, é possível que esse texto seja uma grande vomitada de ideias soltas, sem um fio condutor e meio extremista. Oooooou ele será uma percepção genial de como as coisas andam na nossa sociedade. Vamos ler até o fim para ver qual das duas opções será atendida? Valeu :)
Vou começar dizendo que você provavelmente está viciado em usar o celular.
Toda vez que o celular faz barulho de mensagem, você ganha uma dosezinha marota de dopamina no cérebro. Dopamina é a molécula do prazer, ela é a recompensa que nosso corpo recebe quando algo que a gente gosta acontece. Chega uma mensagem (todo mundo adora receber mensagens) > dopamina é liberada > prazer. Logo, mensagem/like/comentário/etc significa prazer. E quando menos percebemos, sempre vendo nosso celular em busca de dopamina/prazer.
Soou familiar? :/
Ok. Então agora vamos voltar um pouco.
O que me fez começar a perceber sobre os problemas dos celulares foi um texto que mandei na última newsletter que falava sobre como o silêncio é importante para o nosso dia-a-dia. No texto, o autor fala sobre “sons que atrapalham” nossa concentração. E que o toque de mensagens e notificações quase sempre é um som atrapalhante (se essa palavra não existe eu inventei agora).
Pra mim fez muito sentido. 99% das vezes que meu celular vibra com uma mensagem eu não estou concentrado em esperar que ele toque. Vai dizer? Você nunca está segurando o celular, olhando pra ele e esperando que ele toque. Não. Estamos sempre fazendo outra coisa. E quando ele vibra/toca, nossa atenção (que está concentrada em outra parada), muda.
Às vezes estou lendo (ou conversando, trabalhando, pensando sozinho, etc), ele toca, e por mais que eu não pegue o celular no momento, ele me atrapalhou. Fez meu pensamento mudar de foco ou fez eu virar a cabeça, sei lá. Às vezes estou vendo um filme e deixo o cel longe pra não ficar olhando ele, mas mesmo de longe ele faz barulho num momento importante do filme e plein, de novo ele me atrapalhou. Fico pensando “de quem será a mensagem?” e esqueço do filme (quase sempre é mensagem da Vivo).
Depois de perceber isso ao ler o texto, tirei todos os sons de notificações e mensagens do celular. Todos. “Ai mas e daí como faz pra você responder quando alguém perguntar? Só olha depois? E a pessoa fica esperando?” Basicamente é isso mesmo. Olho o cel quando eu lembro. E tem dado certo. Não sou mais tão atrapalhado pelos toques e ninguém parou de ser meu amigo por eu não ter respondido na hora. Lembrando que Whatsapp não é para emergências né. Pra isso existe a ligação.
Menos vibrações. Menos toques. Mais concentração, mais foco, mais atenção na sua vida e no que está a sua volta. Relacionamentos melhores.
Relacionamentos melhores? Sim. Porque nada é mais palha do que você pegar o cel enquanto conversa com alguém. Se você faz isso constantemente, ou pior, faz isso e NÃO AVISA A PESSOA COM QUEM ESTÁ FALANDO QUE VOCÊ PRECISA PEGAR O CEL RAPIDAMENTE PARA RESPONDER UMA MSG DE VIDA OU MORTE QUE PROVAVELMENTE NÃO É UMA EMERGÊNCIA, você está desrespeitando a outra pessoa.
O Simon Sinek (na palestra que botei na newsletter do mês passado) é mais extremista que eu, e até concordo com ele na real, ao falar que o simples fato de você segurar o celular na mão ou deixar na mesa na sua frente durante uma reunião mostra desrespeito com a outra pessoa. Isso porque quando o celular está ao nosso alcance dos olhos, mesmo que estejamos dando atenção para a outra pessoa, estamos mostrando pra ela que ela não é a coisa mais importante no momento, e que se o celular vibrar, eu vou olhá-lo. Entendem? Se expliquei mal vocês podem ver a palestra lá de novo que ele explica melhor.
Só sei que a partir disso parei de botar o celular na mesa em reuniões, almoços, conversas entre amigos. Quero estar mais presente e ter relacionamentos melhores. Mostrar pras pessoas que estou ali e não pensando no Instagram ou mensagens de Facebook.
No meio de todos esses pensamentos e observações, comecei a buscar uma resposta para a pergunta: “em que momento tiramos o celular do bolso, mesmo que ele não esteja tocando, para olhá-lo?”. A resposta que cheguei foi: quando estamos entediados (isso corresponde a 90% das vezes, vamos ser legais e deixar 10% para “quando estamos esperando uma informação”). E por entendiado entenda como “momento em que o que está acontecendo ao nosso redor não está interessante o suficiente para prestarmos atenção”. Quando percebi isso, passei a notar as pessoas e quando é esse momento de tédio acontece. Foi bizarro e alarmante.
Vi uma família numa mesa de restaurante todos pegando o cel ao mesmo tempo quando o assunto acabou. Vi gente na plateia pegando o cel e vendo Instagram durante palestra. Vi gente no Facebook no Uber, no Instagram enquanto a cerveja não chegava, no Happen enquanto viam um jogo de futebol (é assim que se escreve o nome desse aplicativo?). E o pior: vi pessoas pegando o cel enquanto CONVERSAVAM COM OUTRAS PESSOAS!!!! E isso aconteceu comigo também algumas vezes.
Pô galera, não sou interessante pra vocês? :(((
Esquecer da pessoa enquanto ela fala com você é muito palha. “Ai mas eu consigo ver o Insta enquanto escuto o fulano” (não sei porque sempre que simulo a fala de alguém eu começo com “ai” hahaha). Sabe que não. Pode até ouvir, mas não tá muito aí pro que ele está falando né? Sério, não façam isso com ninguém.
Lembrem-se que crianças aprendem com a gente. E se a gente fizer isso bastante, a próxima geração, que já é assim, vai ser muito mais. Nós como adultos, querendo ou não, somos educadores através das nossas atitudes. E se queremos um mundo com relacionamentos mais reais e conectados, precisamos dar o exemplo.
Celular no bolso. E sem som, se quiser se juntar ao time :)
A música deve estar acabando. Acho que falei tudo. Provavelmente vou lembrar de algo amanhã e me arrependerei por dias, mas azar. Escrevi esse texto numa sentada (geralmente faço isso nas newsletters), pois acredito muito na espontaneidade do texto. Então se deixei alguém muito abalado, foi mal haha Não foi a intenção.
É provável que seu celular tenha vibrado ou tocado nesse tempo de leitura. Você pegou ele? Não? Teve vontade mesmo que ele não tenha vibrado? Suou frio não olhando pra ele só pra mostrar pra mim que você é forte?
Só peço que pensem sobre isso. Que questionem e que façam uma auto-crítica com a forma que vocês usam o celular.
Ou também não né. Celular é isso mesmo. Não tem mais volta, ele já faz parte da sociedade e do nosso corpo e etc. Apenas aceita Braga! Seu velho!
Sei lá.
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